Com apoio do Governo do Estado, Empretec Indígena transforma realidade em Antônio João e consolida política de autonomia econômica para comunidades tradicionais
Nem a chuva nem o frio foram suficientes para frear o entusiasmo dos participantes do Empretec Indígena, realizado na Aldeia Marangatu, em Antônio João (MS). O seminário, promovido pelo Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Secretaria de Estado da Cidadania, em parceria com o Sebrae/MS e apoio da Prefeitura Municipal, encerrou-se no último sábado (1º) com histórias reais de superação, aprendizado e renda.
O programa, que tem mudado a percepção sobre empreendedorismo dentro das aldeias, mostrou na prática que formação e oportunidade andam lado a lado. Um exemplo marcante é o da professora de Química Jéssica Barbosa de Carvalho, 32 anos, que começou o curso sem planos de empreender — e terminou com uma nova visão de mundo e R$ 2,4 mil no bolso.
“Eu achava que empreender era só vender algo. Mas aprendi que é atitude, persistência, comprometimento. O medo é o que mais impede a gente de tentar”, relatou Jéssica, emocionada.
Durante a capacitação, ela integrou o grupo responsável pela criação da empresa fictícia “Estação do Sabor”, que adaptou o cardápio conforme o clima: do sorvete ao caldo quente. Em poucos dias, o grupo enfrentou a chuva, o barro e o cansaço para vender na comunidade — e faturou R$ 2.408 em apenas cinco dias.
“Foi um aprendizado enorme. Descobri que tenho capacidade, que consigo convencer as pessoas e fazer acontecer. Agora quero continuar com o projeto”, disse a professora, que já planeja expandir o negócio na aldeia.
Empretec Indígena: política de Estado e inclusão produtiva
Criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e aplicado no Brasil pelo Sebrae, o Empretec é reconhecido internacionalmente por desenvolver o comportamento empreendedor. Desde 2024, o Governo de Mato Grosso do Sul passou a implementar a versão Indígena, tornando-se pioneiro nacional na adaptação do método para os povos originários.
O primeiro seminário ocorreu em Brasilândia, com os Ofaié, e marcou o início de uma política pública inédita voltada à autonomia econômica e fortalecimento cultural das comunidades indígenas.
Durante seis dias intensos, os 27 participantes do curso em Antônio João vivenciaram uma verdadeira imersão de autodescoberta, enfrentando desafios práticos, elaborando estratégias e superando limites pessoais e coletivos.
“Mesmo com chuva e barro, ninguém desistiu. O que vimos aqui é força, resiliência e crença no próprio potencial”, afirmou o analista do Sebrae e facilitador do Empretec, Francisco Júnior, durante o encerramento.
Segundo ele, o seminário representa o fim de uma etapa e o início de uma nova forma de ver o trabalho e a comunidade.
“Agora, vocês sabem que o poder de mudar está dentro de cada um. Perguntem-se todos os dias: o que posso fazer melhor do que ontem?”, provocou.
Transformação social e política pública de resultados
Para o subsecretário de Políticas Públicas para Povos Originários, Fernando Souza, o Empretec Indígena é mais do que uma capacitação — é uma política pública que rompe barreiras históricas e dá voz às comunidades tradicionais.
“Vencemos resistências e desafios porque acreditamos no potencial de vocês. Muitos questionaram por que trazer o Empretec para dentro da aldeia. A resposta está aqui: no brilho dos olhos de quem aprendeu, superou e sonha com o próprio negócio”, declarou o gestor.
Ele destacou ainda que o Governo do Estado, sob a liderança do governador Eduardo Riedel, tem tratado o empreendedorismo como instrumento de inclusão e autonomia, estimulando a geração de renda sem abrir mão das tradições culturais.
“Podemos evoluir e melhorar de vida sem deixar de ser quem somos. Queremos ver nosso povo crescendo, se fortalecendo e construindo um futuro melhor”, afirmou Souza.
Empreender com raízes fincadas na terra
Entre as histórias inspiradoras, uma chamou atenção pela força da família. O diretor escolar Adão Benites e a filha Karine Benites decidiram transformar o aprendizado em negócio real. Nasceu assim a Soberana S.A., nome inspirado na comunidade onde vivem — Soberana, uma das 12 divisões da Aldeia Marangatu.
“Já fazíamos doces e caldos antes, mas agora ganhamos confiança para abrir de verdade. A ideia é vender frango caipira, carne assada e outros produtos locais, junto com minha esposa Cleusa e meu genro Adelso”, contou Adão.
A vereadora Inaye Lopes, liderança indígena da Terra Marangatu e participante do seminário, reforçou que o curso era um sonho antigo.
“Queríamos uma formação que mostrasse como usar o território de forma produtiva e sustentável. Tivemos jovens, acadêmicos e até o seu Carlos, com 78 anos, provando que nunca é tarde para aprender. Que venham mais iniciativas como essa”, celebrou.
Expansão e compromisso com o futuro
O Empretec Indígena integra uma agenda estadual voltada à transformação social e geração de renda nas comunidades tradicionais, fortalecendo o empreendedorismo como ferramenta de autonomia.
Novas edições já estão programadas para outros territórios indígenas e, de forma inédita, o Governo do Estado vai realizar o primeiro Empretec Quilombola, em Nioaque, ampliando o alcance da formação e reafirmando o compromisso com o desenvolvimento inclusivo e sustentável de Mato Grosso do Sul.
Com informações: Comunicação da Cidadania

