Levantamento inédito da ABEX-BR aponta salto tecnológico no campo, diversificação regional e faturamento de R$ 18,6 bilhões na cadeia produtiva
O Brasil acaba de consolidar sua posição entre os maiores produtores de amendoim do planeta. Segundo o livro “Mapeamento e Quantificação da Cadeia do Amendoim Brasileiro”, lançado pela Associação Brasileira do Amendoim (ABEX-BR) no dia 3 de dezembro, em Ribeirão Preto (SP), o país alcançou o 3º lugar mundial em produtividade, com média de 3,8 toneladas por hectare.
O mapeamento mostra que o desempenho brasileiro não cresceu apenas em volume, mas em qualidade e eficiência. Em uma década, a produção nacional saltou mais de 300%, acompanhando a rápida adoção de tecnologias de agricultura de precisão e manejo sustentável.
De acordo com Cristiano Fantin, presidente da ABEX-BR, o avanço é resultado direto da modernização do campo.
“Hoje, mais de 64% dos produtores utilizam agricultura de precisão, o que aumenta o aproveitamento do solo e garante rentabilidade. Esse nível de produtividade, comparável ao de gigantes como China e Estados Unidos, comprova a força da pesquisa brasileira e da capacidade do produtor de incorporar inovação”, afirma.
Sustentabilidade: rotação de culturas e melhoria do solo
O estudo destaca ainda o papel estratégico do amendoim na fixação biológica de nitrogênio, processo que reduz o uso de fertilizantes e melhora as condições do solo para culturas subsequentes, como a cana-de-açúcar e a soja.
Esse benefício agronômico tornou o amendoim uma das culturas mais valorizadas em sistemas de rotação.
Modelo de desperdício zero: da exportação à energia
O livro traz também dados sobre o modelo de “desperdício zero” da cadeia do amendoim no Brasil:
- Exportações em alta: com rigorosos protocolos de qualidade e rastreabilidade, o país é hoje o 2º maior exportador de óleo de amendoim e o 4º maior exportador do grão, atendendo mercados altamente exigentes.
- Aproveitamento total: subprodutos do processamento — como farelo e torta — são destinados à nutrição animal por serem ricos em proteína.
- Energia renovável: a casca, que representa até 25% do peso colhido, é transformada em pellets utilizados na geração de energia.
Nova geografia do amendoim: Centro-Oeste e Sudeste lideram expansão
O mapeamento da ABEX-BR evidencia uma expansão expressiva para além do tradicional polo paulista. Estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais registraram crescimento superior a 200% na área plantada na última década.
Segundo Fantin, a cultura vem se consolidando como uma opção altamente lucrativa de segunda safra.
“O amendoim está avançando sobre novas fronteiras agrícolas e diversificando o mapa produtivo do país. Com esses dados, temos a inteligência necessária para planejar infraestrutura, logística e financiamento adequados a essa nova realidade”, reforça.
O livro, financiado pelo Núcleo de Promoção e Pesquisa (NPP) da ABEX-BR, já está disponível para consulta no site oficial da instituição.

