Os Estados Unidos revogaram, na quinta-feira (20) sobretaxa sobre quase 600 produtos brasileiros Decisão assinada por Donald Trump desmonta tarifaço e reduz custos para agronegócio e indústria, mas expõe instabilidade das relações comerciais
A decisão, oficializada por ordem executiva do presidente Donald Trump, encerra o pacote tarifário composto por uma tarifa recíproca de 10% — retirada na semana passada — e uma sobretaxa adicional de 40%, agora eliminada de forma retroativa a 13 de novembro.
Com a medida, pelo menos 580 produtos deixam de pagar a sobretaxa e voltam às alíquotas originais, conforme documentação divulgada pelo governo norte-americano. Em alguns casos, as mercadorias retornam à condição de isenção tarifária.
Agronegócio entre os mais afetados
A lista atingida pela sobretaxa incluía principalmente itens agrícolas: carne bovina em diferentes formas, miúdos, frutas tropicais (manga, abacaxi, goiaba, abacate, laranja, banana-da-terra), castanhas, mandioca, inhame, café, chás e especiarias — como pimenta, gengibre, canela e açafrão.
Também estavam sujeitos ao tarifaço produtos derivados, como polpas e conservas, açaí, manteiga de cacau, tapioca, sucos cítricos e extratos de café e chá.
Indústria e tecnologia também foram impactadas
Fora do setor agrícola, a lista abrangia minerais, combustíveis e produtos químicos — incluindo minério de ferro, carvão, gás natural, gasolina, óleos lubrificantes, ureia, nitratos e fosfatos.
Havia ainda equipamentos de tecnologia e componentes industriais: máquinas de processamento automático, laptops, impressoras, celulares, baterias, tubos e perfis de aço, plásticos industriais e peças de aeronaves, como turbinas, trens de pouso e pneus.
Relações comerciais seguem instáveis
Apesar do alívio imediato para exportadores brasileiros, especialistas alertam que a ação reforça a volatilidade da política comercial dos EUA. As tarifas foram impostas e retiradas em questão de semanas, sem previsibilidade, o que gera insegurança para produtores e para a indústria que depende do mercado norte-americano.