A um ano das eleições gerais de 2026, o cenário político em Mato Grosso do Sul começa a ganhar contornos mais definidos com a divulgação de novas pesquisas de intenção de voto. Os levantamentos apontam movimentações relevantes, tanto na disputa pelas duas vagas ao Senado quanto para a Câmara Federal, onde surge um nome novo no chamado “G-10”: o empresário Carlos Bernardo (PT), de Ponta Porã.
Segundo o Instituto Idop, que ouviu 3.655 eleitores em 25 municípios entre 20 e 30 de setembro, o quadro eleitoral mostra mudanças significativas em posições antes consideradas estáveis. A pesquisa tem margem de erro de 2% e grau de confiança de 95%.
Senado em disputa acirrada
Na corrida pelo Senado, o ex-governador Reinaldo Azambuja (PL) mantém a dianteira com 23,42% das intenções estimuladas. Contudo, a segunda vaga, que parecia sob domínio do senador Nelsinho Trad (PSD), agora se encontra ameaçada pela ascensão do deputado federal Vander Loubet (PT).
Nelsinho, que aparece com 12,76%, vê sua vantagem reduzir frente a Vander, que atinge 8,55%, configurando um cenário de empate técnico. Outros nomes próximos são Marcos Pollon (8,52%), Gerson Claro (8,42%), Soraya Thronicke (8,31%) e Simone Tebet (7,96%).
Analistas associam a queda de Nelsinho e o crescimento de Vander ao atual ambiente político nacional, onde temas ligados à defesa da democracia e da soberania nacional têm fortalecido candidaturas vinculadas ao campo lulista. Já o bolsonarismo, associado a pautas como a chamada “PEC da Blindagem” e ao apoio a sanções estrangeiras, enfrenta desgastes que repercutem também em Mato Grosso do Sul.
Câmara Federal: Carlos Bernardo ganha projeção
Entre os nomes que disputam uma das oito vagas de deputado federal pelo Estado, a novidade é Carlos Bernardo (PT). Empresário da educação, CEO da Universidade Central do Paraguai (UCP), ele aparece entre os dez primeiros mais citados — algo inédito para um candidato sem mandato anterior.
Na espontânea, Bernardo alcança 1,31% das menções, ficando atrás de nomes tradicionais como Capitão Contar (3,01%), Rose Modesto (2,37%), Marcos Pollon (2,6%) e Beto Pereira (1,96%). Na estimulada, mantém-se no grupo de destaque, consolidando espaço mesmo sem a mesma exposição midiática que os adversários.
Sua trajetória política recente inclui candidaturas em 2022 e 2024, mas com atuação concentrada na fronteira. Agora, com maior visibilidade estadual e apoio de lideranças como o presidente Lula, Vander Loubet e o ex-governador Zeca do PT, ele passa a ser visto como uma alternativa competitiva.
Assembleia Legislativa: consolidação e novidades
Para a Assembleia Legislativa, o Idop confirma a liderança de André Puccinelli (4,09%) e a força de nomes já consolidados como Gerson Claro, Zé Teixeira e Zeca do PT. Ao mesmo tempo, novas figuras começam a aparecer, indicando uma renovação parcial do quadro estadual, com representantes tanto da direita quanto da esquerda.
Um tabuleiro em movimento
Os dados confirmam que, a menos de um ano do pleito, o eleitorado sul-mato-grossense ainda se mostra volátil. O índice de indecisos permanece elevado — 53,35% na disputa pela Câmara Federal, por exemplo —, revelando que há espaço para crescimento de novas candidaturas e que alianças políticas serão decisivas para definir os rumos de 2026.
Mais do que números, as pesquisas funcionam como termômetro da conjuntura: refletem os desgastes e avanços de cada campo político e apontam para uma eleição que promete ser marcada pela disputa entre continuidade, renovação e recomposição de forças no Mato Grosso do Sul.
