Santa Catarina vive uma situação crítica com a explosão da população de javalis. Estima-se que mais de 200 mil animais circulem hoje em 236 municípios, representando risco direto para produtores, lavouras e para a cadeia agroindustrial do estado.
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (FAESC) alerta que os javalis, além de destruírem plantações inteiras em poucas horas, colocam em risco a segurança no meio rural. “É uma praga que ameaça a economia e também a integridade das pessoas”, reforça o presidente José Zeferino Pedrozo.
O problema se agrava porque os javalis são transmissores de doenças de alto impacto, como peste suína africana e febre aftosa. Santa Catarina, maior produtor e exportador de carne suína do Brasil, tem sua economia diretamente exposta a esse risco. Uma eventual contaminação poderia paralisar exportações e gerar perdas bilionárias.
Mesmo com a lei estadual que autoriza o manejo, o controle avança lentamente. A burocracia, a falta de caçadores habilitados e a periculosidade do abate tornam o combate ineficaz. Os números confirmam a dificuldade: entre 2019 e 2024, foram abatidos 120 mil javalis, mas a população cresceu e se espalhou ainda mais.
O alerta é claro: sem ações integradas entre governo, produtores e órgãos ambientais, a praga dos javalis pode comprometer não apenas a agricultura de Santa Catarina, mas a segurança sanitária de todo o agronegócio brasileiro.
Regiões mais afetadas
A maior concentração ocorre na Serra Catarinense, no entorno de Lages, e no Parque Nacional das Araucárias, no Meio-Oeste. Em busca de alimento, os bandos invadem propriedades e destroem lavouras de milho, feijão, soja e trigo, além de pastagens e hortas. Em apenas uma noite, um grupo pode arrasar hectares inteiros.
Manejo difícil e perigoso
A Lei nº 18.817/2023 autoriza o controle populacional do javali-europeu (Sus scrofa), mas produtores evitam o abate direto pela periculosidade da atividade e pela burocracia envolvida. O manejo é realizado, em grande parte, pela Polícia Militar Ambiental e caçadores credenciados. Javalis podem atacar pessoas, cães de caça e até veículos, o que aumenta o risco nas ações de contenção.
Risco sanitário e impacto econômico
Além dos prejuízos agrícolas, os javalis trazem ameaça sanitária. São vetores de doenças graves, como peste suína africana, peste suína clássica e febre aftosa. O risco é particularmente alto em Santa Catarina, maior produtor e exportador de suínos do Brasil, além de segundo em frangos e terceiro em leite. Uma contaminação poderia comprometer toda a agroindústria catarinense e gerar perdas bilionárias para o país.
Obstáculos burocráticos
Apesar da urgência, o controle enfrenta entraves. Uma audiência pública recente na Câmara dos Deputados expôs as dificuldades para obtenção de licenças, emissão de guias de tráfego e autorizações de caça. O número de equipes habilitadas é insuficiente frente à dimensão do problema.
Desafio coletivo
Especialistas defendem uma ação coordenada entre governo, órgãos ambientais e produtores. “O controle da população de javalis não é só um desafio do agronegócio, mas de toda a sociedade”, reforça Pedrozo. Para o setor produtivo, a questão é estratégica: preservar a competitividade, a sanidade animal e a segurança alimentar.
Fonte: Portal do Agronegócio