Campanha busca aumentar cobertura vacinal diante do risco de surto com avanço da doença em países vizinhos
O Dia D da vacinação contra o sarampo, realizado na última sexta-feira (29) em Dourados, expôs um desafio preocupante: a baixa adesão da população à imunização. Apesar da mobilização em todas as unidades básicas de saúde, apenas 467 doses foram aplicadas, número considerado aquém das expectativas pela Secretaria Municipal de Saúde.
O resultado acende um alerta em um momento delicado. Países vizinhos, como Bolívia e Paraguai, confirmaram recentemente casos da doença, o que amplia o risco de reintrodução do vírus no Brasil, especialmente em estados de fronteira como Mato Grosso do Sul. “A vacinação é a única forma eficaz de prevenção. Precisamos ampliar a cobertura vacinal para proteger nossas crianças e evitar um possível surto”, destaca a equipe técnica da secretaria.
Estratégia e grupos prioritários
Para enfrentar o cenário, a Prefeitura mantém a campanha em andamento. Todas as unidades de saúde continuam aplicando as doses em horário regular — das 7h às 11h e das 13h às 17h. Além disso, os postos das unidades Seleta e Santo André oferecem atendimento estendido até as 22h, facilitando o acesso da população no período noturno.
O foco inicial está na aplicação da chamada “dose zero”, indicada para bebês de 6 a 11 meses. Também segue a vacinação seletiva para pessoas de 12 meses a 59 anos que não completaram o esquema vacinal. A estratégia faz parte do programa estadual “MS Vacina Mais: Sarampo”, que busca ampliar a cobertura em municípios de risco.
Por que o sarampo preocupa
Extremamente contagioso, o sarampo pode ser transmitido pelo ar em situações corriqueiras, como falar, tossir ou respirar próximo a uma pessoa infectada. Uma única pessoa doente pode contaminar até 90% das pessoas ao seu redor que não estejam vacinadas.
Os sintomas incluem febre alta, tosse, irritação nos olhos e manchas vermelhas pelo corpo. Mas os riscos vão além do desconforto imediato. Complicações graves como pneumonia, otite média aguda e encefalite podem deixar sequelas permanentes ou até levar à morte.
Estudos apontam que uma em cada 20 crianças com sarampo desenvolve pneumonia, principal causa de óbitos pela doença. Já a encefalite aguda, inflamação que afeta o cérebro, atinge quatro em cada mil crianças, sendo fatal em cerca de 10% dos casos.
O papel da vacinação
A vacina contra o sarampo é segura e eficaz. Três tipos diferentes estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo aplicados conforme a faixa etária e o histórico vacinal de cada pessoa. “O esquema vacinal completo garante proteção duradoura e impede que a doença volte a circular no Brasil”, reforçam os profissionais de saúde.
Embora não exista tratamento específico para o sarampo, medidas de suporte — como hidratação, controle da febre e acompanhamento nutricional — ajudam na recuperação. Evitar que crianças e adultos passem por esse processo, porém, depende exclusivamente da prevenção oferecida pela imunização.
Orientação à população
A Prefeitura de Dourados orienta que pais, responsáveis e demais cidadãos procurem a unidade de saúde mais próxima, levando a caderneta de vacinação e o cartão do SUS. A meta é ampliar rapidamente a cobertura e reduzir o risco de que o município enfrente um novo surto da doença.
“Cada dose aplicada representa uma vida protegida. Não podemos esperar que o vírus volte a circular para agir”, alerta a Secretaria de Saúde.