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quarta-feira, 20 de agosto de 2025
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Tarifaço de 50% aplicada pelos EUA representa um grande desafio para a fruticultura brasileira, embora as exportações ainda ocorram parcialmente

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Estratégias de diversificação de mercados e ações planejadas auxiliam na redução dos efeitos imediatos.

Desde 6 de agosto, a fruticultura do Brasil tem enfrentado um dos seus maiores obstáculos recentes com a implementação de uma tarifa definitiva de 50% pelos Estados Unidos nas exportações de frutas frescas. Essa sobretaxa incorpora os 10% previamente existentes mais os 40% adicionais divulgados em julho. Ainda que essa medida comprometa a competitividade, o fato de parte das remessas continuar sendo enviada ao mercado norte-americano evita um colapso imediato da cadeia produtiva.

Esse dado está na edição de agosto da revista Hortifruti Brasil/Cepea, uma publicação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP).

Principais produtos impactados: manga, uva e suco de laranja

O levantamento realizado pela equipe do setor hortifrutigranjeiro do Cepea analisou os principais produtos da pauta exportadora: suco de laranja, manga e uva.

No caso do suco de laranja, ele não sofre a sobretaxa de 40%, permanecendo apenas sujeito aos 10% de tarifa e a uma taxa fixa de US$ 415 por tonelada, devido à interdependência entre Brasil e EUA na indústria do suco.

Já manga e uva estão sujeitas à tarifa total de 50%, o que aumenta os custos no destino final e pressiona as margens tanto dos exportadores quanto dos produtores brasileiros.

Exportações parcialmente mantidas no segundo semestre

Entrevistas do Cepea com exportadoras estratégicas indicam que parte dos embarques será mantida neste segundo semestre, garantindo contratos já firmados e reduzindo perdas imediatas. Entretanto, o excedente não exportado e o impacto sobre reinvestimentos futuros, especialmente no Vale do São Francisco, ainda são incertos.

Suco de laranja: articulação institucional garante isenção

A CitrusBR destacou que a exclusão do suco de laranja da sobretaxa de 40% resultou da articulação entre Brasil e EUA, baseada na dependência mútua do produto: enquanto a indústria norte-americana depende do suco brasileiro, empresas nacionais mantêm investimentos bilionários em fábricas e terminais nos EUA.

Estratégias recomendadas por entidades do setor

A Abrafrutas alerta para a necessidade de uma dupla estratégia:

  • Negociações com importadores para reduzir impactos da tarifa e manter contratos.

Ações emergenciais do governo brasileiro, como:

  • Prorrogação de custeios e financiamentos;
  • Crédito a juros reduzidos;
  • Antecipação de créditos à exportação;
  • Restituição acelerada de ICMS.

Sem esse suporte, há risco de queda de preços, erosão de margens e perda de capacidade de investimento, afetando cadeias como açaí, gengibre, manga e uva.

Três frentes prioritárias para minimizar impactos

A revista Hortifruti Brasil identifica ações essenciais para o setor:

  • Mobilização internacional – negociar ajustes tarifários e pleitear isenção para frutas não cultivadas nos EUA ou em janelas específicas do mercado norte-americano.
  • Ações governamentais – criar linhas emergenciais de crédito, prorrogar financiamentos e acelerar restituição de tributos.
  • Gestão estratégica – escalonar colheitas, reduzir custos logísticos e diversificar mercados, com foco em Europa, América do Sul e Ásia.

Margarete Boteon, coordenadora da Hortifruti Brasil, afirma:

“A manutenção parcial dos embarques aos EUA, aliada a medidas emergenciais e à diversificação de mercados, será determinante para preservar não apenas a competitividade, mas também a rentabilidade e a capacidade de investimento da fruticultura brasileira — especialmente das cadeias mais vulneráveis, que geram emprego, renda e valor agregado no campo e na indústria”.

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