Mato Grosso do Sul tem se consolidado como referência nacional na recuperação de pastagens degradadas, política considerada estratégica pelo governo estadual para ampliar a competitividade do setor agropecuário, assegurar a sustentabilidade ambiental e fortalecer a segurança alimentar. Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), o Estado demonstra que é possível elevar a produção com responsabilidade ambiental e uso intensivo de tecnologia.
Com cerca de 4,7 milhões de hectares de pastagens degradadas passíveis de recuperação, o desafio histórico vem sendo enfrentado por meio da articulação entre políticas públicas estruturantes, crédito sustentável e inovação. Essa combinação posicionou Mato Grosso do Sul entre os líderes nacionais em manejo responsável do solo e da água, alinhando crescimento econômico e conservação ambiental.
O avanço está ancorado em um conjunto de programas estaduais voltados ao uso eficiente dos recursos naturais. Entre as principais iniciativas estão o Prosolo, focado na restauração de áreas afetadas por erosão; o MS Irriga, que estimula a irrigação sustentável; o Plano ABC+ MS, voltado à promoção de sistemas integrados e práticas de baixa emissão de carbono; o Precoce MS, que incentiva a pecuária eficiente; e o FCO Verde, linha de crédito direcionada à recuperação produtiva e a projetos sustentáveis. Entre 2020 e 2024, o FCO Verde destinou R$ 812 milhões a 771 projetos no Estado.
De acordo com a Semadesc, a atuação integrada entre governo, produtores e instituições de pesquisa tem sido decisiva para acelerar a transição para uma agropecuária moderna e de baixo carbono. Estudos de instituições como o LAPIG e o MapBiomas indicam que Mato Grosso do Sul está entre os estados com maior extensão de áreas classificadas com baixo vigor de pastagem, especialmente no Pantanal. Nesse caso, a presença de vegetação nativa e a dinâmica natural do bioma não caracterizam, necessariamente, degradação causada pela ação humana, informação considerada essencial para orientar políticas públicas e evitar distorções.
Dados do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD) apontam que a degradação observada no Estado decorre, majoritariamente, de práticas antigas da pecuária extensiva, marcadas por baixa taxa de lotação e limitado uso de manejo e adubação. A resposta a esse cenário se transformou em política de Estado, com foco na recuperação do solo e no aumento da produtividade.
No campo da credibilidade internacional, Mato Grosso do Sul avança na adequação às exigências dos mercados globais. A Semadesc e o Fundems investem R$ 7,6 milhões em ações de certificação e monitoramento de carbono nas cadeias da soja e do milho. Na pecuária, além do reconhecimento como área livre de febre aftosa sem vacinação em 2025, o Estado prepara a implantação do Sistema Estadual de Rastreabilidade Bovina, com início previsto para 2026 e cobertura total até 2032. Também está em desenvolvimento o Selo Verde, que integrará dados ambientais e produtivos para garantir transparência socioambiental às cadeias da carne e da soja.
Mato Grosso do Sul lidera ainda o ranking nacional de áreas com Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), com mais de 3,6 milhões de hectares. O modelo contribui para diversificar a renda no campo, reduzir a pressão por novas áreas e melhorar a fertilidade do solo. O Estado figura também entre os cinco maiores consumidores de bioinsumos do país, impulsionado pelo Programa Estadual de Bioinsumos, criado em 2022.
Em parceria com a Agraer, o Senar e instituições federais, o governo estadual investe na capacitação de produtores para adoção de práticas conservacionistas e de baixo carbono. Projetos como o Carbono ATeG, voltado à mensuração e redução das emissões de gases de efeito estufa, e o ABC Cerrado, que promove treinamentos em ILPF, plantio direto e florestas plantadas, reforçam essa estratégia.
A meta, segundo o governo, é ampliar o acesso dos produtores à assistência técnica qualificada e ao crédito sustentável, garantindo condições para produzir mais, com menor impacto ambiental e maior eficiência no uso dos recursos naturais.

