O governo federal anunciou, na última sexta-feira (5), a liberação de R$ 12 bilhões em crédito para produtores rurais impactados por eventos climáticos extremos.
A medida deve alcançar cerca de 100 mil agricultores, sendo que 96% deles são pequenos e médios produtores com dívidas em atraso ou renegociadas.
De acordo com o Palácio do Planalto, o objetivo é evitar o abandono das atividades no campo, garantir a continuidade da produção e reforçar a segurança alimentar do país.
Linhas de crédito diferenciadas
O pacote prevê condições específicas conforme o porte do produtor:
- Agricultura familiar (Pronaf): até R$ 250 mil, com juros de 6% ao ano.
 - Médios produtores (Pronamp): até R$ 1,5 milhão, com juros de até 8% ao ano.
 - Demais produtores: até R$ 3 milhões, com juros de até 10% ao ano.
 - Acima de R$ 3 milhões: condições a serem negociadas diretamente com instituições financeiras, considerando fluxo de caixa.
 
Os financiamentos terão carência de um ano e prazo de pagamento de até oito anos, incluindo a possibilidade de quitação de dívidas em atraso e Cédulas de Produto Rural (CPR) registradas até junho de 2024. O programa será detalhado pelo ministro da Agricultura, Paulo Teixeira, durante a Expointer, em Esteio (RS).
Resposta às tragédias climáticas
A medida é uma reação às perdas bilionárias registradas no setor agropecuário após eventos extremos, como as enchentes de maio de 2024 no Rio Grande do Sul, consideradas a maior tragédia climática da história do estado.
Especialistas afirmam que o crédito não tem apenas caráter emergencial, mas também estratégico, ao permitir que produtores reorganizem suas finanças, invistam em tecnologia e mantenham a produção em atividade.
Perspectiva para o setor
Para o consultor Gustavo Zanon, CEO da Seguralta, a iniciativa deve garantir fôlego financeiro imediato e estimular a modernização do campo:
“O acesso ao crédito garante que o produtor mantenha sua atividade, reorganize suas contas e preserve a renda. Quando ele tem condições reais de pagamento, consegue planejar e investir, o que fortalece toda a cadeia do agronegócio.”
O governo aposta que a liberação dos recursos, além de assegurar empregos e renda no setor, também abrirá espaço para práticas mais sustentáveis, reduzindo riscos diante de um cenário de mudanças climáticas cada vez mais frequentes.

