As cotações da arroba diminuíram nas principais regiões do país, enquanto o setor acompanha os efeitos da gripe aviária e celebra a conquista de certificações internacionais contra a febre aftosa.
Preços da arroba recuam em maio
Durante todo o mês de maio, os preços do boi gordo no Brasil sofreram forte retração. Segundo Fernando Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, a tendência é que os frigoríficos mantenham a pressão por valores menores no curto prazo, devido ao incremento nas escalas de abate, que atualmente estão em média com oito dias úteis fechados.
Impactos da gripe aviária geram apreensão
Na segunda metade de maio, o mercado passou a acompanhar mais de perto os desdobramentos do surto de influenza aviária altamente patogênica detectado em uma granja no município de Montenegro (RS). Essa ocorrência levou à suspensão de parte das exportações brasileiras de carne de frango, suscitando preocupações sobre possíveis impactos na indústria de proteínas animais.
Por outro lado, as cotações da carne de frango no atacado permaneceram relativamente estáveis. Iglesias destaca que o protocolo sanitário brasileiro está sendo seguido rigorosamente. “Se esse cenário se mantiver, é provável que o fluxo regular de embarques seja retomado em breve entre 28 e 60 dias”, afirmou o analista.
Desempenho regional da arroba do boi
Veja como estavam os preços da arroba do boi gordo a prazo no dia 29 de maio, nas principais praças do país, em comparação com o fechamento de abril:
- São Paulo (Capital): R$ 310,00 – queda de 1,59% (abril: R$ 315,00)
- Goiás (Goiânia): R$ 290,00 – recuo de 3,33% (abril: R$ 300,00)
- Minas Gerais (Uberaba): R$ 285,00 – retração de 10,94% (abril: R$ 320,00)
- Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 305,00 – baixa de 4,69% (abril: R$ 320,00)
- Mato Grosso (Cuiabá): R$ 300,00 – desvalorização de 7,69% (abril: R$ 320,00)
- Rondônia (Vilhena): R$ 265,00 – queda de 5,36% (abril: R$ 280,00)
Atacado também sente pressão nos preços
O mercado atacadista também apresentou recuos em maio, especialmente na segunda quinzena. Segundo Iglesias, a reposição mais lenta entre atacado e varejo ainda sugere espaço para novas quedas no curto prazo.
O analista destaca ainda que, em 2025, a preferência dos consumidores por proteínas mais acessíveis deve seguir como uma tendência predominante.
Quarto traseiro do boi: R$ 23,90/kg – queda de 4,40% (abril: R$ 25,00)
Quarto dianteiro do boi: R$ 19,00/kg – recuo de 5,00% (abril: R$ 20,00)
Certificação sanitária impulsiona perspectivas para exportações
Uma conquista importante para o Brasil em maio foi o reconhecimento, pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), como país livre de febre aftosa sem vacinação. A certificação abre caminho para negociações com mercados mais exigentes e valorizados, como Japão e Coreia do Sul.
Exportações de carne bovina crescem no mês
As exportações brasileiras de carne bovina in natura — fresca, congelada ou refrigerada — somaram US$ 899,9 milhões em maio (considerando 16 dias úteis), com uma média diária de US$ 56,24 milhões.
- Volume total exportado: 173,8 mil toneladas
- Média diária: 10,86 mil toneladas
- Preço médio da tonelada: US$ 5.117,70
Na comparação com maio de 2024, os números representam um crescimento de:
- 23,7% no valor médio diário exportado
- 7,6% na quantidade média diária embarcada
- 15% no preço médio da tonelada
A combinação entre retração dos preços no mercado interno e avanços nas exportações marca um período de contrastes para a pecuária brasileira, que segue atenta ao cenário sanitário e às movimentações do mercado global.
Fonte: Portal do Agronegócio