Com um clima tropical caracterizado por verões cada vez mais quentes e invernos secos, o estado enfrenta o desafio de manter a safra diante do acelerado impacto das mudanças climáticas e da crescente necessidade por alimentos produzidos de forma sustentável. Para tanto, vem investindo em inovações tecnológicas que visam aumentar a produtividade ao mesmo tempo em que preservam a sustentabilidade do setor agronegócio.
Impactos do clima na agricultura local
A produção de soja, milho e trigo, responsáveis por uma parte considerável do PIB agrícola local, tem sido afetada pela irregularidade das chuvas. De acordo com Nathan Harrisson Leite, especialista da Netafim, “na safra 2024/25, aproximadamente 48% das áreas destinadas ao cultivo de soja sofreram prejuízos devido à escassez de chuvas, o que impactou negativamente a produtividade”.
Além disso, a escassez hídrica em momentos críticos, como o enchimento dos grãos, tem causado perdas recorrentes, especialmente no milho safrinha, que depende fortemente das chuvas de inverno.
Tecnologias para garantir eficiência e sustentabilidade
Para enfrentar esses desafios, cresce o interesse pela irrigação por gotejamento, especialmente na modalidade subterrânea. Essa tecnologia permite aplicar água e nutrientes diretamente nas raízes, com uma economia de até 50% em comparação aos métodos tradicionais.
Leite destaca que, além da economia de água, o sistema facilita a fertirrigação, otimizando o uso de insumos e contribuindo para uma produção mais sustentável. “A adoção dessas tecnologias é fundamental para que o produtor enfrente o estresse hídrico sem causar danos ao solo ou ao meio ambiente”, afirma.
Programas de incentivo à agricultura sustentável
Programas como MS Irriga, ABC e PROSOLO têm promovido práticas agrícolas sustentáveis no estado, estimulando a preservação do solo, o uso racional da água e a recuperação de áreas degradadas. De acordo com Leite, “os produtores estão cada vez mais conscientes da importância de tecnologias que aumentam a eficiência e reduzem o impacto ambiental”.
Solo fértil, mas que exige manejo cuidadoso
Grande parte do solo sul-mato-grossense é formada por Latossolos Vermelhos, especialmente férteis nas regiões sul e leste. Porém, nas áreas do norte, onde o solo é mais arenoso, o manejo adequado e o uso de tecnologias se tornam ainda mais essenciais para maximizar resultados.
Produção de grãos: base da economia estadual
A soja é a principal cultura, representando 54% do Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária de Mato Grosso do Sul. “Os municípios com maior produção de soja também têm os melhores Índices de Desenvolvimento Humano do Estado, evidenciando a importância social do agronegócio”, comenta Leite.
Entretanto, o setor ainda enfrenta desafios logísticos, como dificuldades no transporte, armazenagem e a falta de ferrovias que facilitem o escoamento para os portos. Além disso, os custos elevados de insumos e a volatilidade dos preços no mercado internacional pressionam o produtor rural.
Futuro da agricultura: foco em adaptação e inovação
Nos próximos cinco a dez anos, a tendência é ampliar a área cultivada, principalmente por meio da conversão de pastagens em lavouras sustentáveis. A agricultura de precisão, biotecnologia e sistemas de irrigação inteligentes são apontados como caminhos para aumentar a produtividade e reduzir os riscos climáticos.
“Nossa expectativa é uma transformação na forma de produzir. O futuro da agricultura depende da integração entre tecnologia, conservação ambiental e o compromisso com a segurança alimentar global”, conclui Nathan Harrisson Leite.
Fonte: Portal do Agronegócio