09/11/2015 15h33 – Atualizado em 09/11/2015 15h33
Cobalto e molibdênio são dois dos elementos essenciais para a fixação biológica de nitrogênio, mas devem ser aplicados entre os estádios de desenvolvimento V3 e V5
Por: Gazeta do Campo
Para o produtor rural que está com a soja no campo em um dos estágios
vegetativos V3, V4 ou V5 – três das fases de desenvolvimento vegetativo da planta
– este é o momento adequado para dar um “up” na cultura. Segundo o
pesquisador Fábio Mercante, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), é
possível aumentar a contribuição do processo de Fixação Biológica de Nitrogênio
(FBN) – uma tecnologia limpa (uma das técnicas agrícolas sustentáveis do
Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do governo federal), que substitui o
fertilizante nitrogenado mineral por um processo de simbiose, em que o nitrogênio
é retirado do ar por uma bactéria denominada rizóbio para ser assimilado pela
planta.
“Mesmo após o plantio da soja ter sido realizado, ainda está em tempo de
se melhorar a produtividade da soja. Isso pode ser feito com a aplicação de dois
micronutrientes: o cobalto (Co) e molibdênio (Mo), essenciais ao processo de
fixação biológica de nitrogênio. Atualmente, as recomendações técnicas para
aplicação destes nutrientes são de 2 a 3 gramas de cobalto por hectare e de 12 a
30 gramas de molibdênio por hectare. Para o resultado ser eficiente, a aplicação
deve ser feita por meio de pulverização foliar, entre os estádios de
desenvolvimento V3-V5”, diz Mercante.
Segundo o pesquisador, trabalhos de pesquisa demonstram que a
aplicação dos produtos com estes micronutrientes diretamente nas sementes pode
afetar drasticamente a sobrevivência das bactérias fixadoras de nitrogênio, a
nodulação, a eficiência simbiótica e, consequentemente, os rendimentos de grãos
da cultura. “Estes efeitos prejudiciais têm sido associados às formulações salinas
dos produtos comerciais contendo tais micronutrientes”, explica.
A disponibilidade de fósforo (P) e cálcio (Ca) também proporciona o bom
desenvolvimento da planta, o estabelecimento da bactéria e a interação planta-
rizóbio, por potencializar os benefícios do uso de inoculantes microbianos na
cultura da soja.
Temperatura do solo
O estresse hídrico e a temperatura do solo (temperaturas acima de 32º C
principalmente) são duas condições em que o agricultor deve ficar atento. Esses
dois fatores, associados ou não, afetam desde a sobrevivência da bactéria até as
etapas da interação entre macro e micro-organismos que vivem em simbiose.
“Nesta situação, manejos de solo mais conservacionistas, como o Sistema Plantio
Direto, colaboram para a redução da temperatura nas camadas mais superficiais e
para a manutenção da umidade do solo.
Essas foram algumas das conclusões obtidas após estudo realizado pelos
pesquisadores da Embrapa por meio de um Comunicado Técnico (publicação
seriada da Embrapa): Fábio Martins Mercante, da Embrapa Agropecuária Oeste
(Dourados/MS); Mariangela Hungria, da Embrapa Soja (Londrina/PR); Iêda de
Carvalho Mendes e Fábio Bueno de Reis Júnior, da Embrapa Cerrados
(Planaltina/DF).
Rendimento dos grãos
Para áreas de primeiro cultivo, a inoculação das bactérias (rizóbios) nas
sementes da soja são indispensáveis. “No Brasil, não se recomenda o uso de
adubo mineral nitrogenado, mas é importante que a inoculação com estas
bactérias benéficas seja realizada em todos os anos”, relembra o pesquisador
Mercante, que acrescenta: “Em áreas de primeiro cultivo, o agricultor pode
duplicar a dose de inoculante utilizada em cultivos tradicionais de soja, porque
alguns fungicidas podem reduzir a nodulação e a fixação biológica de nitrogênio
na cultura quando aplicados nas sementes.”
Nas áreas tradicionais, a pesquisa mostra que, nas principais regiões
produtoras de soja no País, incluindo diversos locais nas regiões Sul e Centro-
Oeste, o rendimento da cultura aumenta, em média, 8% quando se realiza a
reinoculação de rizóbios, ou seja, a inoculação em todas as safras de soja. “Foram
considerados apenas ensaios com rendimentos superiores a 2.400 kg/ha e foram
obtidos incrementos de até 1.950 kg/ha pela reinoculação”, relatam os
pesquisadores.
Em Mato Grosso do Sul, os estudos ainda mostram que o crescimento
médio de rendimento de grãos de soja pode chegar a 9% em relação às plantas
que não haviam sido inoculadas com rizóbios.
Mais informações
Confira a publicação ” Estratégias para aumentar a eficiência de inoculantes
microbianos na cultura da soja”. Os resultados foram obtidos a partir da parceria
entre os pesquisadores da Embrapa Agropecuária Oeste, Embrapa Soja e
Embrapa Cerrados, que está disponível no site da Embrapa Agropecuária Oeste:
http://bit.ly/1M1GhaU


