As exportações em níveis recordes, um mercado interno dinâmico e as condições climáticas atuais estão moldando a situação da pecuária no Brasil.
Atualmente, o mercado de boi gordo vive um período de forte recuperação, impulsionado pela combinação de uma oferta escassa e um aumento expressivo na demanda tanto interna quanto externa. De acordo com um relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA, após atingir o valor mínimo de R$ 215/@ em junho, os preços começaram a se elevar de forma consistente a partir de setembro, atingindo patamares bem mais altos.
Razões para a alta no boi gordo
Essa dinâmica é consequência de fatores como a diminuição da disponibilidade de gado terminado, causada pela severa seca que afetou as regiões produtoras do Norte, Centro-Oeste e Sudeste. Essa situação climática prejudicou as pastagens e pressionou a oferta durante o segundo semestre. Além disso, o abate de fêmeas caiu em algumas localidades, como no Mato Grosso, que é o principal estado confinador do país.
Nos sistemas de confinamento, os custos baixos da ração e do boi magro favoreceram margens atrativas, incentivando a oferta em certas partes do Brasil. Entretanto, nas áreas menos dependentes desse método, a seca impactou significativamente a redução da disponibilidade de gado.
Demanda interna e exportações impulsionam o mercado
Do lado da demanda, dois movimentos se destacam. No mercado interno, a combinação de indicadores econômicos positivos, como aumento do salário real, queda na taxa de desemprego e crescimento do PIB, favoreceu o consumo. Isso permitiu que a indústria repassasse o aumento do custo do boi para os preços no atacado, com a carcaça casada acompanhando a alta de 42,7% do boi gordo entre setembro e novembro.
Nas exportações, os meses de setembro e outubro marcaram novos recordes, com volumes de 252 mil toneladas e 270 mil toneladas, respectivamente. Apesar disso, os preços de exportação tiveram recuperação tímida frente à alta do boi, reduzindo os ganhos das indústrias nesse segmento.
Impacto no preço do bezerro e perspectivas futuras
O bezerro também refletiu a dinâmica de alta no boi gordo. Embora o preço por cabeça tenha subido 25% entre setembro e novembro, foi o valor por quilo que mostrou maior valorização, com um aumento de 43% no período. Com a recuperação das pastagens nos próximos meses, espera-se uma elevação na demanda por reposição, o que deve impulsionar ainda mais os preços da cria.
Para o boi gordo, o cenário no curto prazo é positivo, com demanda sólida e oferta limitada. A regularização tardia das chuvas deve postergar a chegada de animais terminados a pasto, favorecendo preços mais altos até o início de 2025. Contudo, desafios como o custo crescente de insumos e possíveis oscilações na demanda requerem atenção dos produtores.
Cenário internacional e estratégia para o produtor
No mercado externo, a China, principal destino da carne bovina brasileira, mantém forte demanda, enquanto os Estados Unidos, que vêm aumentando suas importações, devem ampliar suas compras em 2025 devido à queda na produção local. Esses fatores sustentam o otimismo quanto ao desempenho das exportações no próximo ano.
Diante desse panorama, a recomendação é de cautela. Estratégias de proteção contra oscilações nos preços são importantes, especialmente considerando os custos crescentes e a possibilidade de imprevistos que possam afetar as margens. Apesar do cenário amplamente favorável, os produtores devem monitorar de perto os desdobramentos econômicos e climáticos nos próximos meses.
Fonte: Portal do Agronegócio